por Redação / Tommaso Mottironi
O Casarão dos Müller é um edifício singular da região de Torres que precisa em caráter de urgência de reparos, de medidas de proteção e manutenção, enquadrados um projeto mais amplo de preservação e valorização.
Para isso acontecer, o edifício necessita de uma atenção redobrada por parte do poder público, conforme o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Arquitetônico (COMPHAC) vem repetidamente solicitando.
Mas além dos intrínsecos e indubitáveis valores históricos e patrimoniais do edifício, a sua localização o torna a meu ver uma peça imprescindível para o planejamento a escala regional.
O edifício se encontra no vértice daquele território que da Vila São João se adentra pelo interior, acompanhando o Rio Mampituba, em direção da Serra Geral, representando um verdadeiro portal de acesso para quem transita do interior para o litoral.
A aparente excentricidade geográfica, em relação ao tradicional “centro” do território municipal de Torres, simbolicamente situado junto ao mar, na verdade é mais uma componente relevante para o edifício, na ótica de seus possíveis usos futuros.
É de fato o ponto de Torres mais próximo aos cânions do sul, localizada numa elevação natural (o morro dos Müller), praticamente no ponto de encontro da BR 494, já asfaltada, que provém de Morrinho em direção a Mampituba/Praia Grande, e a BR 453, que sai da Vila S. João para o interior, paralela ao Rio Mampituba.
O local representa então um miradouro privilegiado de importância estratégica no contexto do projeto de Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, que é um projeto intermunicipal e que em Torres é representado unicamente por uma unidade geomorfológica similar, os morros do Parque da Guarita.
Mas o edifício também pode assumir um papel relevante no âmbito de outro projeto, este a escala municipal, mas com conexões com municípios vizinhos, projeto denominado de Raízes de Torres que visa valorizar pontos turísticos do interior do município.
Hoje o projeto é centrado mais em aspetos gastronômicos e do artesanato, mas pode, aliás necessita, ser enriquecido com a valorização de elementos de patrimônio material e imaterial para decolar definitivamente como atrativo turístico.
Considerando estas perspectivas, o tombamento e o restauro do edifício, são não só importantes do ponto de vista simbólico e patrimonial, mas com um inteligente projeto de reuso, podem auxiliar o desejável modelo de desenvolvimento sustentável do interior do território municipal.
(postado na página Facebook da Rede Cultura Torres)
Adenda:
O artigo foi publicado com as contribuições do Historiador Léo Gedeon e do jornalista Guilherme Rocha no jornal A Folha Torres com o título PATRIMÔNIO HISTÓRICO QUE NECESSITA RESTAURO, CASARÃO DOS MÜLLER AGREGA POTENCIAL TURÍSTICO PARA TORRES .
Após a postagem desse texto na página se multiplicaram as visitas ao local com fotos postadas nos grupos de rede social dedicados à memória da cidade de Torres, o que demonstra a relevância do local e o apelo da pauta da proteção patrimonial:
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