Igreja São Domingos

Igreja São Domingos
Endereço: R. Mal. Deodoro, 492
Ano de Construção: 1819
Fone: (51) 3664-1166
Responsável: Diocese de Osório

Igreja de São Domingos é uma edificação sacra da cidade de Torres. Localiza-se sobre o flanco oeste do Morro do Farol.

A Igreja de São Domingos foi a primeira igreja a ser construída no trecho entre Laguna e Osório (inaugurada em 25 de outubro de 1824), é a igreja matriz da cidade e seu mais importante monumento histórico e artístico, tendo sido tombada em nível estadual no Projeto Pró-Memória (Processo n. 03163-25.00-SCDT/82).

Passou recentemente por um extenso e questionável processo de restauro, quando muitas das suas características originais no interior foram removidas ou modificadas.

 

“A Igreja Matriz de São Domingos é também conhecida como Igreja Matriz de São Domingos das Torres, em referência a São Domingos, invocado quando da criação da capela, e às formações geológicas junto ao mar (falésias) denominadas de “Torres” em documentos da administração colonial e imperial.  Foi construída a partir de 1819 e inaugurada em 24-10-1824.

Erigida na Torre Norte (Morro do Farol), a igreja é um dos marcos do desenvolvimento da povoação. Apesar de a tradição local referir três “Torres” (a do Norte, a do Centro e a do Sul), outros conjuntos rochosos pertencentes ao mesmo grupo geológico compõem a excepcional paisagem local, que não passou despercebida aos olhos do naturalista Auguste de Saint-Hilaire. Em sua passagem pela região em 1820, o viajante francês observou o início da construção da igreja, da qual existia apenas o madeiramento, conforme registra. Neste período também se ultimava na Torre Norte a construção de um forte, junto ao qual o cronista distinguiu o alojamento dos soldados e do alferes do posto. Trabalhavam na construção do forte cerca de 30 soldados indígenas Guarani, feitos prisioneiros nas disputas entre o exército luso-brasileiro e José Artigas na Banda Oriental, os quais, possivelmente, contribuíram também para a edificação da igreja.

A instalação da Guarnição Militar no alto da Torre, sob o comando do Alferes Manoel Ferreira Porto, teve como consequência a vinda das primeiras famílias à região que, junto com o militar, foram os fundadores do povoado. Em 1826 este povoado seria elevado a Capela Curada de São Domingos das Torres.

Neste período, Igreja e Estado estavam intimamente vinculados. No Brasil, sob administração portuguesa, o Estado conferiria valor e reconhecimento a um povoado somente depois do ingresso da Igreja, com a constituição de uma capela. Esta denominação designava o prédio  onde se realizavam os ritos religiosos, mas também o local onde se instalavam as primeiras igrejas, criadas em consequência de novos núcleos populacionais. De modo geral, os povoados passavam por três fases: Capela, Freguesia e Vila, sendo que as duas primeiras equivaleriam, nos dias de hoje, aos “distritos” e a última ao “município”. A Capela Curada de São Domingos das Torres foi elevada à condição de Freguesia em 1837.

Se a Freguesia constituía-se ainda numa divisão administrativo-religiosa vinculada a uma paróquia onde se registravam nascimentos, batismos, casamentos e mortes, já o status de Vila implicaria uma maior autonomia político-administrativa, permitindo a instalação da câmara municipal, a construção do pelourinho e da cadeia. São Domingos das Torres foi alçada à categoria de Vila pela lei provincial nº 1152, de 21-05-1878, sendo mantido o nome inicial em dedicação ao padroeiro São Domingos e em referência às formações basálticas que compõem a paisagem da cidade. Em 22-01-1890, por meio do decreto estadual nº 62, a Vila é elevada à categoria de município e tem seu nome alterado para “Torres”, apenas. Esta mudança, com o passar do tempo, certamente veio a intervir na forma como a população local refere-se à Igreja, denominando-a por vezes apenas “São Domingos” ou “São Domingos de Torres”, em alusão ao nome da cidade onde está localizada.

A edificação é representativa da arquitetura colonial luso-brasileira, embora haja inserções posteriores com diferentes linguagens arquitetônicas. Construída em pedra e tijolos, possui nave única no corpo principal, cuja fachada é encimada por um frontão com empenas curvas, pináculos e óculo central. Há três janelas alinhadas na altura do mezanino (coro), acima da entrada. Há uma única porta em posição central, com verga em arco abatido, alcançada por pequena escada tipo “convite”. A torre sineira com planta quadrangular é encimada por um coruchéu prismático, possuindo forte marcação horizontal, cunhais marcados e pequenas aberturas nas quatro faces.

A igreja foi inaugurada em 1824 e ampliada em 1857/58, quando passou por obras de manutenção. Em 1898 foi construída a torre, à esquerda da igreja, conforme inscrição em relevo existente ainda hoje. Em 1928 houve rebaixo no forro e escoramento das paredes. Passou por obras de restauração a partir de 2011, com recursos e contrapartidas provenientes de diversas fontes, que foram concluídas em abril de 2017.

O tombamento estadual ocorreu em 1983 e a portaria de delimitação do entorno foi publicada em fevereiro de 2017.

Fontes:

Torres tem história, de Ruy Ruben Ruschel

Viagem ao Rio Grande do Sul (1820-1821), de Auguste de Saint-Hilaire

Formação administrativa e alterações toponímicas da cidade de Torres – IBGE Cidades

Arquivos IPHAE”

Fonte http://www.iphae.rs.gov.br

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